03 mar Reflexos de uma quarentena inesperada

Que momento tenso, hein! Medo, insegurança, ansiedade, tensão. Quem diria que um vírus vindo de tão longe nos abalaria tanto, gerando um estado emocional febril e reações materiais tão imediatas, criando um cenário doente ainda que o coronavírus nem se instale em nosso corpo.

O primeiro ensinamento desta quarentena é nos aquietarmos. Sim. E não me refiro apenas ao isolamento social para controle do contágio. Precisamos aquietar nosso coração, a casa da nossa alma. Estamos frenéticos e não é de hoje! Fala a verdade: você está se cuidando? Muita gente não vive, apenas existe. Trabalha, paga conta, garante seu status, posta uma foto no instagram do happy hour. Mas, não vive para si. Só existe. O que mais ouço é que não dá tempo para cuidar de si. Tem que fazer muita coisa, tem que dar conta, tem que….

Aí chega um vírus danado e literalmente impõe um toque de recolher. Calma. Aceite o simples: respire, tome água, cuida da sua higiene, durma, exercite sua fé, trabalhe sua paz, cuide dos seus pensamentos.

Me recordo de quando era pequena e tinha muito medo de escuro. Minha boca secava e nem conseguia chamar por socorro se a luz apagasse. Entrava em pânico. Me lembro uma vez que estava no banho e a força acabou. O chuveiro quente ficou gelado em segundos e eu não conseguia sair debaixo d’água, precisei ser socorrida pela minha avó.

E ela disse: filha, não dê vida ao que é ruim. Se você der muito valor ao seu medo, ele vai ganhar espaço na sua vida. Por que estou contando isso? Porque estamos com medo. Não devemos colocar nossa atenção ao coronavírus e sim colocar nossa atenção à saúde. Ao colocar a atenção na saúde, é por ela que teremos motivação para agir.

Assim, evitar supermercado, shopping ou circular pra lá e pra cá deixará de ser uma punição. Teremos uma razão forte para montar um cantinho de trabalho em casa e, de verdade, utilizar a tecnologia a nosso favor, dá até pra fazer reuniões lá com a China, sabia?

Mudar hábito dói, mas sempre traz algo de bom. Então chegamos ao segundo aprendizado dessa situação atual: tolerância. Pare de buscar teorias da conspiração. É muito desgastante. O que ajuda é buscar recursos para se manter em quarentena sem pirar.

Faça ligações, leia livros, assista um bom filme, crie novos projetos, reveja seu planejamento, renegocie contas, bata papo com sua família, coma bolo com café, dê risada. E ore. Sim, exercer sua religiosidade vai trazer um alívio incrível.

O desespero ganha espaço na vida quando estamos afastados de Deus. Parecemos criança perdida dentro de um hipermercado. Sabemos que o Pai não vai embora sem você, mas cadê ele para segurar sua mão?

Se você se vê assim, meio perdido e com o coração apertado é porque está precisando deixar sua essência espiritual ganhar espaço na sua vida tão apegada nas questões materiais.

Quem cuida da sua espiritualidade, acalma a mente e o corpo. Quem cuida do seu lado espiritual respira melhor, pensa melhor, vive melhor. Sabe porque? Porque sabe que isso vai passar.

Respira, vai. Respira. Fecha seus olhos e procure se conectar com o Deus que você conhece. Não importa que Ele pareça meio distante. Neste momento, é você que deve se aproximar dessa força divina. Ela acalma, ela serena, ela ampara, ela abençoa.

Eu sei que não dá para ir à missa, ao culto, a reunião tá tudo suspenso … mas a oração feita de onde está agora te coloca em contato com uma fonte pura e consoladora. Pense nisso. Se permita a isso.

E quero finalizar falando do terceiro aprendizado que esse tal de coronavírus está trazendo para nós. Prevenir é um ato de amor. Já vimos o que essa doença fez lá fora. Podemos aprender com eles. Portanto, não deixe o desespero tomar conta da sua vida. Sua vida merece dar espaço à esperança e a solidariedade. Todos estamos no mesmo barco. Vamos remar para o mesmo lado. Cuide-se.